O ex-boxeador Adilson Rodrigues Maguila teve seu cérebro doado para pesquisa após sua morte, ocorrida no dia 24 de outubro. A doação foi realizada durante o velório do atleta, em São Paulo, e agora o órgão integra o banco de amostras da Universidade de São Paulo (USP).
Irani Pinheiro, viúva de Maguila, revelou que a decisão pela doação foi discutida em vida, com o intuito de contribuir para a pesquisa sobre a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), uma condição neurodegenerativa frequentemente associada a atletas que sofreram traumas cranianos repetidos. “É um legado importante que ele deixa, uma forma de ajudar na ciência e na prevenção de doenças similares em outros atletas”, declarou Irani.
O neurologista Renato Anghinah, que acompanhou a saúde de Maguila, destacou a relevância dessa doação para o avanço da pesquisa sobre ETC. “Essa amostra será essencial para compreendermos melhor a doença e, possivelmente, desenvolvermos novas abordagens terapêuticas”, afirmou o médico.
Adilson Maguila é parte de um crescente grupo de atletas brasileiros que optaram por doar seus cérebros para a pesquisa. Outros ícones, como Bellini, capitão da seleção campeã da Copa do Mundo de 1958, e o boxeador Éder Jofre, também contribuíram com suas amostras, que são analisadas no Laboratório de Fisiopatologia no Envelhecimento (Gerolab) da USP. Este laboratório já possui mais de dois mil espécimes que ajudam a investigar doenças neurológicas.
Anghinah salientou que a comparação entre diagnósticos realizados durante a vida e as análises pós-morte é crucial para a pesquisa. “Estudos indicam que mais de 80% dos diagnósticos clínicos são confirmados através da análise neuropatológica”, explicou.
A doação do cérebro de Maguila não apenas reforça o compromisso do Brasil com a pesquisa em saúde, mas também representa um passo significativo em direção ao fortalecimento das capacidades científicas nacionais, anteriormente dependentes de instituições estrangeiras para a análise de amostras desse tipo.
A decisão de Maguila, um dos grandes nomes do boxe brasileiro, em contribuir para o avanço da ciência, poderá oferecer novas perspectivas sobre a saúde dos atletas e suas vulnerabilidades em esportes de contato.